terça-feira, 20 de maio de 2014

Plano Diretor de SP: aprovação já!

Já disse que não sou especialmente fã dos planos diretores, pois não acredito muito na sua efetividade, e a melhor prova disso foi o plano passado, de 2002, que apesar das melhores intenções e diretrizes incríveis, ficou devidamente (e ilegalmente) engavetado por dois mandatos, sem que nada de grave ocorresse. Ao contrário, a prefeitura até inventou de fazer um "plano paralelo", o tal de SP2040, que não só não foi questionado, como ganhou a adesão de muitos arquitetos-urbanistas.
Ainda assim, não se pode jogar o bebê com a água do banho. Não é porque no Brasil mostram-se pouco efetivos que também devemos desistir de vez de fazê-los. Afinal, aos poucos a cultura urbanística vai se consolidando, e quem sabe em algumas décadas os planos serão verdadeiramente seguidos. No momento atual, o mais interessante para a cidade é que o plano em tramitação na Câmara Municipal seja aprovado, e rápido.
Para uma cidade que ficou cerca de oito anos à deriva do ponto de vista da regulação urbanística, e onde o mercado imobiliário passou a fazer mais ou menos o que queria, a volta de um plano é fundamental. Vale lembrar que as aprovações de novos empreendimentos, como se descobriu e provou, passavam por negociações escusas como nada mais nada menos que o Diretor Geral de Aprovações da cidade, e já nesta gestão descobriu-se a ponta de um iceberg de irregularidades, que passam por propinas na cobrança de ISS relativos aos empreendimentos "aprovados" e do IPTU. Por isso a proliferação de shoppings-centers e outros empreendimentos "estranhos", para dizer o mínimo. Cheguei a escrever que a cidade toda estava sob suspeita.
Pois bem, um Plano Diretor tem como função central identificar e problematizar as dinâmicas que fazem a cidade crescer, indicando como superar os problemas e apontando as diretrizes para uma urbanização mais "organizada".
Este Plano Diretor agora proposto fez isso com certo sucesso, sabendo ser inovador em seu diagnóstico: embora repleta de paliteiros, a cidade fora do "centro expandido" tende a ser pouco densa. Além disso, sofre um enorme e anti-econômico efeito pendular, já que a quase totalidade dos empregos concentra-se no setor sudoeste, o restante sendo quase só habitacional. Assim, deslocam-se milhões de pessoas, todos os dias, da casa ao trabalho e vice-versa, colapsando a cidade, quando essa movimentação poderia ser muito mais equilibrada, se houvesse oferta de emprego e atividades econômicas mais homogeneamente distribuídas no território. Se essas atividades estiverem conectadas por um sistema mais eficiente de deslocamento por meio do transporte público, rompe-se o ciclo vicioso atual. Por isso, o plano propõe que se incentive o adensamento construtivo nos bairros para além do centro expandido, ao longo das vias estruturais, que serão dotadas, todas elas, de corredores de ônibus expressos e prioritários. Como princípio geral, a ideia é boa, e é a que foi enviada à Câmara pela Prefeitura, meses atrás.
A questão é definir o que é essa "urbanização mais organizada", mesmo seguindo os princípios acima descritos. Pois um plano diretor é antes de tudo um pacto, entre os mais diversos interesses que interagem na cidade. Aos olhos do empresariado da construção civil, que fazem da cidade um palco de negócios, a melhor urbanização é a que os deixar construir mais e mais, sem impedimentos. Aos olhos dos moradores dos bairros nobres, é a que mantenha sua qualidade de vida. Aos olhos do morador de favela é aquela que pare de expulsá-los para cada vez mais longe.
Como seria de se esperar, normalmente o jogo tende para o lado dos mais poderosos. Neste caso, o mercado imobiliário, saindo de oito anos de pura liberalidade, não tem do que reclamar: propõe-se forte adensamento construtivo por toda a cidade, ao longo dos corredores. Por isso, cabe ao Plano Diretor, se realmente tiver como objetivo estruturar uma cidade menos desigual (o que é em si uma conquista difícil, não acredito que esse seja "O" objetivo central de nenhum plano diretor no Brasil), por um lado controlar o mercado imobiliário, e por outro garantir que a cidade ofereça terra e moradia para os segmentos mais pobres, DENTRO da "cidade que funciona" e não somente nas distantes periferias.
Na disputa pela elaboração final do plano na Câmara Municipal, cada segmento defende o seu. Pequenos detalhes, que podem favorecer ou refrear em muito a atuação do mercado, por exemplo, são disputados ferrenhamente. Além disso, acha-se que o plano deve prever absolutamente tudo, o que não deveria ser o caso, mas acaba transformando-o em um compêndio infindável e as vezes por demais genérico.
Acredito que meu colega Nabil Bonduki, relator do plano na Câmara Municipal, venha se desdobrando em mil para que o resultado seja comprometido com as diretrizes de corredores de transporte, com a regulação do mercado e com a defesa dos segmentos menos favorecidos. Mas vale dizer que não é uma tarefa fácil. Muitas vezes, vereadores mais afinados com as propostas dos poderosos tentam, na última hora e de forma discreta, enfiar emendas que com poucas linhas podem alterar completamente o sentido do plano.
Aliás, destaque-se o papel exemplar dos movimentos populares, na semana passada. Embora a grande mídia tenha obviamente criminalizado seus protestos e o quebra quebra (sempre há provocadores - infiltrados? - nesses momentos), o fato é que havia um acordo para aprovar o plano tal qual foi redigido após semanas de discussões bastante amplas, para que as emendas fossem discutidas depois, em plenário. No último momento, a oposição tentou inserir emendas, e o movimento, que estava lá, protestou, e conseguiu impedir a manobra. Um ato cidadão. Os movimentos fizeram o que todos nós deveríamos fazer: estar na Câmara para acompanhar e fiscalizar o bom andamento do plano.
Mas por que os movimentos estão tão preocupados com a correta e rápida aprovação do plano? O plano é tão radical e transformador no sentido de uma maior justiça social? Não é que ele seja uma panaceia na defesa dos direitos dos mais pobres; na verdade, não avança tanto assim. Mas pelo menos mantém (e até aumenta um pouco) as Zonas Especiais de Interesse Social, onde se deve construir majoritariamente habitações sociais, especificamente para as faixas de renda mais baixa. Também cria a Cota de Solidariedade, que exige que em grande empreendimentos 10% da área seja doada para a construção de HIS. Isso tudo é bom, embora, como disse, não seja o plano por si só que vá garantir que tais instrumentos funcionem de fato. Mas os movimentos de moradia vêm sem dúvida cumprindo seu importante papel.
De resto, há muitas questões em aberto, problemas não resolvidos, como a estruturação de uma política para os espaços livres na cidade. Propostas desastrosas (e até criminosas em tempos de extinção da água) como a de um aeródromo em área de mananciais parecem ter sido pelo menos provisoriamente afastadas. Há também propostas que podem, lá para a frente, transformar-se em instrumentos de mais segregação. É o caso, por exemplo, dos Pólos de Economia Criativa, que podem facilmente promover a elitização e expulsão dos mais pobres, como aponta meu colega Euler Sandeville. A verdade é que muitos dos instrumentos e das diretrizes do Plano só terão algum efeito se concatenados à revisão e outras leis, como a de Zoneamento e o Código de Obras. De forma geral, um plano só pode funcionar minimamente se for de fato aplicado e, ao longo do tempo, regularmente revisado e ajustado.
Sobre a proposta que temos, acho que ela deve ser aprovada, o mais rapidamente possível, e explico porque no fim deste post. Antes, porém, elenco alguns aspectos que ainda podem ser ajustados:
  • Os corredores estruturais são eixos de adensamento, porém não foi suficientemente enfatizado no plano que eles devem, por isso mesmo, prever reserva fundiária para a população mais pobre poder morar ao longo deles. Pois senão, a valorização nesses eixos será fenomenal, e se tornarão "corredores imobiliários", produzindo, como sempre, segregação. O ideal seria ter sido criada uma ZEIS específica e obrigatória nos corredores. Como isso não foi feito, ainda pode-se inserir no texto a obrigatoriedade de que as áreas remanescentes das desapropriações para a construção dos corredores de ônibus sejam reservadas à construção de HIS e equipamentos (disse "e" e não "ou").
  • Ainda sobre os eixos, como me apontou o urbanista Valter Caldana, não está suficientemente claro que o adensamento construtivo ocorra APÓS a construção dos corredores de ônibus. Do jeito que está, pode acontecer a partir do momento em que a obra seja licitada. Como sabemos que, no Brasil, obras podem ser facilmente interrompidas por um próximo prefeito qualquer, pode ocorrer de termos a proliferação de paliteiros ao longo de avenidas sem que haja estrutura de transporte para isso. Todo o princípio do plano estaria em cheque. Mais grave, com a licitação feita, os preços devem explodir, antes que sejam feitas as desapropriações para a construção do corredor de ônibus. Quando a prefeitura for fazer, não conseguirá mais comprar. Teremos então avenidas e mais avenidas cheias de prédios, mas sem transporte, aumentando o caos, e não diminuindo-o, como se queria. As construções ao longo dos eixos só podem acontecer, portanto, após o início das obras e as desapropriações feitas. Senão, tudo irá por água abaixo.
  • Também não está suficientemente claro que, para liberar o adensamento construtivo nesse eixos, deve existir um projeto urbanístico para os mesmos. Senão, teremos paliteiros com prédios individualistas de centro de lote, cercado por muros e guaritas, sem nenhuma qualidade urbana. O plano até coloca algumas regras, mas deveria liberar a construção nos eixos somente após a revisão da Lei de Zoneamento, que deve ser feita imediatamente, e que terá diretrizes específicas para os mesmos.
  • As Cotas de Solidariedade, talvez o maior avanço democrático deste plano (pensem por exemplo nos empreendimentos com inúmeras torres na Barra Funda, na Moóca, tendo que destinar 10% de sua área à construção de HIS), estão lá. Porém, determinam que o terreno doado deve ser preferencialmente no mesmo lote do empreendimento, ou alternativamente, na mesma Macro-área. O sentido do instrumento se perde um pouco, já que as macro-áreas são grandes, e a oferta de HIS não será obrigatoriamente ao lado do empreendimento (o que seria importante para realmente gerar diversidade social). Porém, pelo menos as macro-áreas representam uma mesma tipologia urbana. Pior seria se se autorizasse a doar os 10% na mesma Macro-Zona. Daí seria a mesma coisa que anular o efeito da cota. Dos males, o menor.
  • Por fim, no Arco Tietê, a maior intervenção urbana prevista pela prefeitura, há poucas ou quase nenhuma ZEIS. Ou seja, continuaremos adensando sem dar lugar aos pobres, sempre gerando mais e mais segregação. Sugiro que, nessa área, a Cota de Solidariedade seja aplicada para empreendimentos de 10 mil m² de área construída, e não 20 mil, como no resto da cidade.
A questão toda é que a cidade não pode mais ficar à deriva, sem plano nenhum. Não que uma vez aprovado tenhamos a garantia de que tudo se ajustará e um planejamento passará a ocorrer. Mas temos que ter algo, isso é fato. Não se pode esperar achando que seria possível termos um plano capaz de por um freio definitivo à ação desenfreada do mercado imobiliário, pois este é não só poderoso como representa uma atividade econômica importante. E de qualquer forma, como foi visto nos últimos anos, ele avança como for, com ou sem plano. Melhor então tentar regulá-lo minimamente. O plano tal qual foi redigido tem avanços em relação ao de 2002. É, em essência, mais democrático e propõe uma nova lógica de estruturação da cidade, com adensamento mais racional, em função do transporte público, o que é uma mudança considerável.
Não podemos então esperar mais e entrar no "período Copa" durante o qual, como no Carnaval, pouca coisa deve funcionar. A cidade não pode se dar esse luxo. Por isso, esta é a responsabilidade da nossa Câmara atualmente: aprovar, sem inventar inserções de última hora, o texto do Plano Diretor, a partir do que foi proposto e do que eventualmente se acorde alterar, em negociações abertas em plenária, nestas semanas.
Não garante quase nada, mas é um começo.

Por que aprovar o Plano Diretor já?

Raquel Rolnik

Estamos diante da possibilidade de aprovar um novo Plano Diretor para São Paulo ou de deixar tudo como está. Acredito que, se quisermos vislumbrar uma vida melhor para os habitantes de São Paulo, transformações urbanísticas profundas serão necessárias. Essas não se realizarão jamais através deste –ou de outro– Plano Diretor, mas aprová-lo pode abrir caminhos.
Neste momento em que o substitutivo está sendo debatido na Câmara Municipal –sofrendo pressões as mais diversas, inclusive de setores conservadores que preferem manter tudo como está– a pergunta fundamental é: a proposta avança ou não em relação ao que temos hoje?

Leia o texto na integra em:  http://www1.folha.uol.com.br/colunas/raquelrolnik/2014/05/1456456-por-que-aprovar-o-plano-diretor-ja.shtml

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Não é de um aeroporto que o extremo sul de São Paulo precisa


Ermínia Maricato e Mauro Scarpinatti

A região Metropolitana de São Paulo, uma das maiores concentrações urbanas do planeta, vive uma situação de esgotamento hídrico, que aponta para a eminência de um verdadeiro caos socioambiental. O que interessa destacar aqui é: o abastecimento de água para uma aglomeração de aproximadamente 20 milhões de pessoas constitui um problema de segurança pública de primeira grandeza, certo? Para alguns, não.
 
Nem mesmo a dramática possibilidade de colapso no abastecimento de água sensibiliza aqueles que veem o território da cidade unicamente como fonte de exploração para o lucro e insistem em um modelo predatório de um suposto "desenvolvimento".
 
Exemplo típico deste comportamento é a insistência em instalar um aeroporto na região de Parelheiros, extremo sul do município de São Paulo. O imaginado empreendimento aeródromo  se destinaria à chamada aviação executiva - operada por táxis aéreos, helicópteros e cargas. Esse equipamento ocuparia uma fazenda com cerca de 4 milhões de metros quadrados   localizada na várzea do Rio Embu Guaçu, principal formador da represa Guarapiranga, responsável pelo abastecimento de aproximadamente 4 milhões de pessoas.
 
Denominado Aeródromo Rodoanel, o projeto aprovado pela Secretaria de Aviação Civil, em julho de 2013, tem como proponente a empresa Harpia Logística Ltda., pertencente aos empresários Fernando Augusto Camargo de Arruda Botelho (ligado ao Grupo Camargo Corrêa), e Andre Pamplona Skaf (filho do atual presidente da Fiesp, Paulo Skaf).
 
O distrito de Parelheiros, no Município de São Paulo, presta enorme serviço ambiental à região Metropolitana com suas matas nativas e cursos d’água. Apenas uma sociedade alienada em relação à sua própria realidade pode desconhecer a importância, a beleza e a biodiversidade de um ecossistema que raras cidades no mundo podem apresentar nos arredores, como é o caso dessa região. Mas ela é ambientalmente frágil e exige ser preservada. 
 
O projeto da empresa Harpia Logística é incompatível com o zoneamento municipal que define a área como uma Zona Especial de Proteção Ambiental (ZEPAM) e Zona de Proteção e Desenvolvimento Sustentável (ZPDS). Contraria, também, diversas leis estaduais e federais, tanto que a Prefeitura de São Paulo (a quem cabe essa competência) negou o alvará solicitado pela empresa. Alertados para a ameaça, um grupo expressivo de urbanistas e planejadores, entre os quais estão professores, doutores da USP, da UNICAMP e da UFABC, redigiram um documento para destacar a ilegalidade do projeto e o impacto negativos que ele teria sobre o ecossistema.
 
Não satisfeitos os empreendedores ingressaram com mandado de segurança no Tribunal de Justiça de São Paulo, que por 3 vezes, negou o pedido. Aparentemente desacostumados a negativas, vislumbraram ainda a oportunidade de emplacar o seu projeto, tentando inserir brechas no Plano Diretor Estratégico do município de São Paulo, que está em fase de aprovação na Câmara Municipal onde arregimentaram o apoio de alguns vereadores.  
 
Atuando desta maneira, os empreendedores manifestam absoluto desprezo com os interesses da cidade e com o ordenamento jurídico e exercem todo o seu poder de pressão para fazer valer os seus interesses em detrimento das necessidades da maioria da população e da segurança da metrópole. 
 
O Brasil e a cidade de São Paulo, estiveram, historicamente, submetidos a este tipo de pressão e o resultado deste jogo nós todos conhecemos. A subordinação do interesse público em benefício privado, a exploração selvagem do espaço urbano nos conduziu a um cotidiano desumano que é fonte de patologias sociais como mostram inúmeras pesquisas que constatam, por exemplo, que 30% da população sofre de depressão, ansiedade mórbida e comportamento impulsivo.
 
Historicamente, os mananciais de abastecimento público de água da Região Metropolitana foram e são destruídos por um perverso processo de ocupação predatória e ilegal que, de um lado, revela a incapacidade das políticas públicas responderem à histórica demanda por moradia e, de outro, denuncia um mercado imobiliário altamente especulativo e excludente. No sul dessa metrópole moram quase 2 milhões de pessoas que lá se instalaram porque simplesmente não cabem na cidade controlada pelo mercado legal.  
 
A região de Parelheiros possui 353,5 km2 de extensão territorial (é o maior perímetro de todas as Subprefeituras do Município de São Paulo). Tem uma população de 196 mil habitantes (são 6,7 hab/km2) a maior parte da qual está marcada pela vulnerabilidade social. Estamos diante da oportunidade de oferecer àquelas pessoas um tipo de desenvolvimento que não reproduza a destruição socioambiental tão característica dos nossos processos de urbanização em troca de uns poucos empregos (de "técnicos" e não de agricultores, como argumentam os que defendem o projeto).  
 
Está em maturação, em diversas instâncias do governo municipal e da sociedade civil, uma proposta adequada à vocação do local: criar empregos com sustentabilidade ambiental por meio de 1) agricultura orgânica e familiar, 2) turismo urbano e gastronômico com circuito para bicicletas. A mobilização social solicitou a recriação da zona rural do município de São Paulo na proposta do novo Plano Diretor. E o que é melhor, essas propostas não estão apenas no papel pois algumas iniciativas já estão em andamento. É o caso da capacitação dos produtores rurais para a agricultura familiar orgânica visando, com essa produção, alimentar as escolas, creches, hospitais e outras entidades na região. Esse programa reúne os governos federal, estadual e municipal com rubricas orçamentárias já definidas.
 
No mundo todo luta-se para ter a produção de alimentos nas bordas das cidades evitando assim a viagem dos mesmos, uma causa importante do aquecimento global. Pensando na segurança alimentar nas cidades, os esforços de muitos ativistas da saúde humana e ambiental apontam a necessidade da eliminação dos agrotóxicos nessa produção. Agricultura familiar limpa, alimento limpo, rios e mananciais limpos, manutenção de mata nativa, favorece o turismo próximo e limita a expansão da impermeabilização do solo urbano, principal causa de enchentes. Ao invés de entupir as estradas para fugir da cidade nos momentos de lazer o morador da metrópole pode encontrar refúgio aqui perto. A dimensão desse verde não encontra paralelo nos parques urbanos. Tudo isso é fonte de criação de emprego. E já há um embrião desse processo em São Paulo, o que deve ser festejado!    
 
Simultaneamente, é necessário investimento, principalmente nas áreas de saúde e educação, além de ações de preservação do segundo maior sistema produtor de água da nossa região Metropolitana.
 
São Paulo possui uma das maiores frotas de aeronaves particulares do planeta e evidentemente necessita de infraestrutura para operá-las, entretanto há que se debater claramente onde e como esta infraestrutura deve ser instalada.
 
Nada justifica a ingerência dos proponentes do aeródromo e de seus apoiadores para patrocinar alterações, na Lei de Zoneamento e no Plano Diretor, que venham a atender a tacanhos interesses de alguns. Tolerar essa intervenção seria escandaloso. Mais que isso, estaríamos negando a cidadania e a cidade e admitindo o triunfo da barbárie.
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Ermínia Maricato é urbanista, professora titular da FAU-USP e integrante do Conselho da Cidade de São Paulo.
 
Mauro Scarpinatti é ambientalista, assessor da ONG Espaço de Formação Assessoria e Documentação.

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cidades/Nao-e-de-um-aeroporto-que-o-extremo-sul-de-Sao-Paulo-precisa/38/30754

quinta-feira, 20 de março de 2014

Manifesto

Porque é errado instalar um aeródromo em Parelheiros, área de produção de água da cidade de São Paulo


Introdução
Pesquisadores, doutores ou titulares, especialistas reconhecidos em diversas universidades brasileiras vem a público manifestar seu desacordo com o projeto de instalação de um Aeroporto na região de Parelheiros, ao sul do Município de São Paulo devido estar, a iniciativa, em total conflito com legislação municipal, estadual e federal conforme exposto a seguir.

O uso proposto é incompatível com o zoneamento municipal, com diversas leis estaduais de proteção ambiental e de mananciais e com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei Federal 9985/2000).

O projeto de implantação de um aeródromo em Parelheiros para atender jatos executivos e companhias de táxi aéreo, denominado de Aeródromo Rodoanel, se aprovado, seria instalado em uma área de aproximadamente 100 hectares, localizada às margens da represa Guarapiranga, mais precisamente em um espaço contiguo à Várzea do Rio Embu-Guaçu e ao Parque Ecológico da Várzea do Embu-Guaçu, principal tributário dessa Represa, que abastece 3,7 milhões de pessoas das zonas Sul e Sudoeste da capital (conforme a Sabesp).

Chama a atenção o fato do projeto não possuir sustentação legal e sua eventual aprovação implicaria afrontar as leis e normas que regem o uso do solo urbano no município de São Paulo, posto que a região conforme o artigo 167 da Lei Municipal 13.430/2002 e artigo 109 da Lei Municipal 13.885/2004 que institui os Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras e disciplina o parcelamento, o uso e a ocupação do solo do Município de São Paulo, considera a área como uma Zona Especial de Proteção Ambiental (ZEPAM), e Zona de Proteção e Desenvolvimento Sustentável (ZPDS) não compatível com a implantação de uma infraestrutura aeroportuária.

A aprovação prévia pela Secretaria Nacional de Aviação Civil, em 26.07.2013, se refere meramente ao espaço aéreo enquanto que a localização do  empreendimento deve ser compreendida no contexto dos interesses do município conforme estabelecido no seu Plano Diretor.

Frisa-se que de acordo com os artigos 30 e 182 da Constituição Federal, é competência municipal legislar sobre a política de desenvolvimento urbano, por meio de Plano Diretor Municipal e leis de uso e ocupação do solo.

Apesar da negativa da Licença de Instalação por parte da Prefeitura de São Paulo em 31.07.2013, reiterada em 18.12.2013, justamente porque o projeto não é compatível com a legislação em vigor, e de duas negativas do Tribunal de Justiça em fevereiro de 2014, conforme divulgado na imprensa, os empreendedores insistem na aprovação do empreendimento.

Mas, além de não ser viável perante a legislação municipal, o projeto do Aeródromo Rodoanel proposto pela empresa Harpia Logística Ltda., também infringe normas estaduais e nacionais.

1- O empreendimento foi planejado para uma área caracterizada como Zona de Amortecimento de importantes Unidades de Conservação de Proteção Integral, conforme o que dispõe a Lei Federal nº 9.985/2000 que disciplina o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). A obra pretendida afetaria diretamente a Zona de Amortecimento (ZA) das seguintes Unidades de Conservação (UCs): Parque Natural Municipal do Jaceguava, Parque Natural Municipal do Itaim, por estar a menos de três quilômetros de distância dos limites destas UCs. Além disso, também se encontra na ZA do Parque Natural Municipal da Cratera da Colônia. Indiretamente o empreendimento impactaria também as seguintes UCs: Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Curucutu, Parque Natural Municipal da Varginha, Parque Natural Municipal do Bororé, Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari- Monos e Apa Bororé-Colônia.

2- O projeto está em desacordo com a Lei Federal nº 12.651/12 no que se refere às Áreas de Preservação Permanentes (APPs), pois prevê edificações sobre nascentes (existem 15 no local, segundo dados constantes na Carta Topográfica da Emplasa). Também fere a Lei Federal nº 6.766/79, que dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano por ocupar essas áreas onde é proibido urbanizar (art.3º). E fere o artigo 197, inciso II da Constituição Estadual que protege as matas ciliares.

Como se não bastasse, transgride a Lei Estadual nº 12.233/06 (Lei Específica da Guarapiranga), que define a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais do Guarapiranga (APRM-G), e é manifestadamente incompatível com as chamadas Subáreas de Ocupação Diferenciada, que se destinam ao uso da agricultura orgânica, cultura, lazer, turismo, educação e valorização cênica e paisagística.

3- O imóvel em que se pretende instalar o projeto localiza-se em uma Região pertencente ao Bioma Mata Atlântica, sendo que a maior parte da área a ser ocupada pelo empreendimento é formada por vegetação secundária em fase de regeneração.

A vegetação arbórea existente no local é classificada, em grande parte, como Vegetação de Preservação Permanente (VPP) conforme Lei Municipal nº 10.365/87, que se refere à vegetação arbórea quando constituir bosque ou floresta heterogênea que forme mancha contínua superior a 10.000 m².  Enquadra-se ainda nessa categoria, a vegetação arbórea na faixa de 20 metros de cursos d’água bem como de nascentes, minas ou olhos d’água.

Já a Constituição Federal no artigo 224 parágrafo 4º, confere à Mata Atlântica a categoria de Patrimônio Nacional.

E o Artigo 196 da Constituição Estadual considera este Bioma como espaços territoriais especialmente protegidos e no Artigo 197 inciso III define como áreas de proteção permanente os locais que abrigam raros exemplares de fauna e flora.

A área pretendida para a implantação do Aeródromo Rodoanel integra a Zona de Amortecimento e Conectividade da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, que detém desde 1991, o título de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, concedido pela UNESCO, órgão das Nações Unidas, o que lhe confere uma grande importância e reconhecimento internacional. 

4- No local há diversificada riqueza de fauna e ocorrência de espécies incluídas como ameaçadas de extinção nas listas nacional e estadual, dentre elas destacam-se animais como jaguatirica, bugio e cuíca-de-tres-listras. Estes dados constam inclusive dos levantamentos elaborados pela empresa contratada pelo empreendedor para fazer os estudos prévios das restrições legais e ambientais ao projeto, que aponta a existência de 2.273 árvores por hectare e registra que na Área de Influência Direta do empreendimento há 193 diferentes espécies arbóreas, 111 espécies de aves, 26 espécies de mamíferos, 20 de répteis e mais de 30 de anfíbios.

5 – Apesar de todos esses motivos, os proponentes do projeto acreditam que uma possível alteração de legislação municipal autorizará a construção. Demonstram assim, absoluto desdém com a cidade e o seu ordenamento jurídico e exercem todo o seu poder de pressão para fazer valer os seus interesses em detrimento dos interesses da maioria da população. No entanto, os impedimentos jurídicos relativos à proteção ambiental extrapolam a esfera municipal, por se tratar de uma área estratégica e de importância regional.

A cidade de São Paulo historicamente esteve submetida a este tipo de pressão e o resultado deste jogo, nós todos conhecemos: subordinação do interesse público aos interesse de alguns.


O projeto geraria impactos socioambientais irreversíveis

Um empreendimento como este provocaria profundas alterações e impactos negativos na região, muitos deles irreversíveis.

1- Além de todas as especificidades ambientais pontuadas acima, a região de Parelheiros é a que apresenta os dados de maior vulnerabilidade socioeconômica do município. 

Um dos impactos previsíveis, a exemplo de outras obras, é que esse empreendimento desencadearia um processo de valorização imobiliária, seguido de processos de especulação com o preço da terra de seu entorno, resultando na expulsão da população pobre que hoje ocupa as proximidades. Esta população fatalmente se deslocaria para áreas mais distantes e mais frágeis do ponto de vista ambiental e exigiria novos e mais expressivos investimentos públicos em infraestrutura urbana e em programas de mitigação dos efeitos desta ocupação sobre os mananciais. Ou seja, espraiaria a mancha urbana.

Além disso, é uma infraestrutura que demanda novos investimentos e atrai novos usos.

2- A infraestrutura aeroportuária causará uma desarticulação do modo de vida local, rico em aspectos históricos e culturais com inegável aptidão rural, que resiste as pressões do crescimento urbano nessa região. Isso vai na contra-mão de um processo de revitalização de remanescentes de áreas agrícolas por meio do estímulo à produção orgânica e um promissor polo de desenvolvimento de turismo voltado à proteção ambiental e geração de renda para a população local, com diversos projetos custeados pelo poder público, como aqueles apoiados pelos editais do Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (FEMA), desde 2008.

3- O projeto prevê uma ligação com o trecho Sul do Rodoanel, rodovia licenciada como classe zero, justamente para não induzir a ocupação urbana. Tal ligação exigiria um novo processo de licenciamento e se aprovado representaria um grande eixo indutor de ocupação, com reflexos não apenas para a Zona Sul, mas também para as demais regiões da cidade por onde o Rodoanel passa e por onde poderiam ser abertos acessos como este. Ademais, a pretendida ligação necessariamente cortaria Unidades de Conservação Municipal já implantadas.

4- Tais impactos não são contabilizados frente aos expressivos investimentos públicos das três esferas de governo que há três décadas são realizados para recuperar os mananciais hídricos abalados pela ocupação urbana, o chamado Programa Mananciais. Projetos com impactos negativos irreversíveis são propostos desarticuladamente e desrespeitando políticas de gestão de recursos hídricos. Estamos vivendo uma crise de abastecimento de água que não se limita à falta de chuvas nos reservatórios, mas a uma falta de gestão e priorização de áreas que precisam ser protegidas para que se mantenham como mananciais, exercendo funções ambientais.

5- Os mananciais de abastecimento público de água da Região Metropolitana foram e são destruídos por um perverso processo de ocupação predatória e ilegal que, de um lado, revela a incapacidade das políticas públicas responderem a histórica demanda por moradia, e de outro, resulta da desenfreada especulação e da ganância de alguns grupos que historicamente se serviram da cidade para atender aos seus interesses particulares. Admitir um projeto como este seria ignorar a escassez de água e permitir o avanço do desmatamento e o comprometimento irreversível do sistema Guarapiranga que responde por 30% da água consumida pela cidade.

Este sistema tão ameaçado, ainda contribui para amenizar a atual crise hídrica na RMSP, fornecendo água para áreas que são normalmente abastecidas pelo sistema Cantareira, mas que se encontram no limite do sistema Guarapiranga.

Além disso, o projeto do aeródromo em Parelheiros compromete uma das mais importantes redes hídricas subterrâneas do município, sua implantação exigiria a busca de novas fontes de água a distâncias cada vez mais longas encarecendo o sistema de captação, tratamento e distribuição, penalizando todo o conjunto da cidade em benefício de poucos. Algo impensável, sobretudo, se levarmos em conta que iniciamos o ano de 2014, com uma crise inédita no sistema de abastecimento de água na cidade de São Paulo, e em inúmeras outras cidades do estado.

6- O terreno possui desníveis de até 50 metros e declividade superior a 30%, segundo dados da Emplasa. Portanto, é extremamente vulnerável a erosões que provocaria o assoreamento de cursos hídricos gerando conseqüências no corpo d’água da própria represa.

7-O aeródromo estaria localizado em meio a importantes áreas de preservação, que são ricas em espécies da avifauna e rotas migratórias conforme demonstrado em diversos estudos de acadêmicos e das Secretarias do Verde e Meio Ambiente e Secretaria do Estado do Meio Ambiente. Como acontece em outros aeroportos certamente haveria risco de acidentes provocados por choques entre aeronaves e aves. Além disso, o ruído contínuo emitido pelos aviões altera o ambiente e traz impactos irreversíveis para diversas espécies de animais que utilizam a vocalização como estratégia primária de reprodução (os animais não conseguem competir com o barulho dos aviões para atrair parceiros para a reprodução), dentre eles, aves, anfíbios anuros, mamíferos e alguns insetos, como já verificado após a implantação de estradas e aeroportos em diferentes locais do mundo. Tais impactos alteram, ainda que em escala local, processos cruciais para o funcionamento dos ecossistemas, tais como dispersão de sementes, polinização e disponibilidade de alimento. Como efeitos de longo prazo podem ocorrer o empobrecimento e degeneração dos fragmentos de vegetação nativa e ambientes existentes dentro e no entorno da área do empreendimento, e em UCs muito próximas.

A área, por estar localizada em meio a diversas unidades de conservação, possui um papel estratégico conectando-as e servindo de corredor para a biodiversidade. Há uma conexão direta do ponto exato onde se pretende instalar o Aeroporto com o Parque Estadual da Serra do Mar, ou seja, uma ligação direta da Guarapiranga com a Serra do Mar, fundamental para a manutenção de inúmeros processos e serviços, dos quais somos completamente dependentes.

8- O intenso tráfego de aeronaves provocaria forte impacto na qualidade do ar pela alta emissão de poluentes. Além disso, o aeródromo geraria resíduos sólidos e efluentes que, mesmo se retirados, contaminariam a região por meio da chamada poluição difusa. Acrescente-se ainda, os impactos gerados pelo aumento incalculável no trânsito de caminhões e automóveis naquela zona , já que o empreendimento prevê o atendimento de 300 mil passageiros anualmente e 100 mil pousos e decolagens.

O projeto não se justifica e se contrapõe ao desenvolvimento sustentável e socialmente justo de Parelheiros

A Região de Parelheiros possui e grande extensão territorial 353,50 Km2, é o maior perímetro de todas as Subprefeituras. Tem uma população de 196.360 habitantes conforme o Censo 2010, ou seja, 6,7 habitantes por quilômetro quadrado. Trata-se de uma região de alta relevância ambiental com predomínio de áreas rurais e vegetação nativa. Também apresenta grande grau de vulnerabilidade social e necessita, portanto, de maior atenção do poder público que tem a oportunidade de oferecer aquela região um tipo de desenvolvimento que não reproduza a destruição socioambiental tão característica do processo de urbanização. Em outras palavras, o modelo de desenvolvimento precisa ser adequado à vocação do local, que não pode ficar refém de um projeto que se apresenta como redentor por oferecer cerca de 2 mil empregos.

É indispensável, portanto, que a Prefeitura de São Paulo lidere um processo de desenvolvimento com alternativas de trabalho e renda, potencializando iniciativas já em andamento como o desenvolvimento do turismo, da agricultura orgânica e familiar e estimulando outras cadeias produtivas que possuam baixo impacto socioambiental e sejam intensivas em mão-de-obra. Ao mesmo tempo, é mais do que necessário um plano de investimentos para dotar aquela Região de infraestrutura, principalmente nas áreas de saúde e educação.

Admitir um projeto como do Aeródromo Rodoanel na Região de Parelheiros seria renunciar ao momento importante que estamos vivendo de revisão do atual Plano Diretor, de forma efetivamente participativa, ou seja, procurando assegurar o direito de todos os cidadãos à cidade e não o atendimento dos interesses econômicos de poucos.

Tolerar a ingerência dos proponentes do aeródromo e apoiadores para patrocinar alterações na Lei de Zoneamento e no Plano Diretor para atender aos tacanhos interesses privados seria um escândalo, mais que isto, seria negar a cidadania e a cidade admitir o triunfo da barbárie urbana.


Assinam esse documento:

NOME
INSTITUIÇÃO/TITULAÇÃO
Erminia Maricato
Profa. Titular FAUUSP
João Sette Whitaker Ferreira
Prof. Livre Docente da FAUUSP
 Maria Lucia Refinetti Martins
Profa. Titular FAUUSP
Arlete Moysés Rodrigues
Prof.Livre docente – UNICAMP
Raquel Rolnik
Prof. Dra. FAUUSP
Paula Freire Santoro
Profa. Dra. FAUUSP
Maria Beatriz Cruz Rufino
Profa. Dra. FAUUSP
Karina Oliveira Leitão
Profa. Dra. FAUUSP
Luciana Nicolau Ferrara
Arquiteta e Doutora pela FAUUSP, Prof. Un. Anhanguera
Paula de Oliveira
Arquiteta Urbanista e Pesquisadora Doutora do LabHab FAUUSP
 Mauro Scarpinatti
Economista, mestre pela PUC-SP, Prof. Universidade Nove de Julho
 Leo R. Malagoli
Biólogo, mestre e doutorando em Zoologia Unesp Rio Claro
Patricia  Rodrigues Samora
Profa. Dra USJT e Centro Universitário SENAC
Camila D’Ottaviano
Profa. Dra. FAUUSP
Beatriz Kara José
Arquiteta urbanista; Profa. Dra. Centro Universitario SENAC
Maria de Lourdes Zuquim
Profa. Dra. FAUUSP
Laisa Eleonora Marostica Stroher
Mestranda FAUUSP - Diretora do Sindicato dos Arquitetos (SASP)

Marcia M. Hirata
Profa. Dra. Universidade Federal de São João Del Rei

Francisco Comaru
Prof. Dr. da Universidade Federal do ABC

 Tamires Almeida Lima
Pesquisadora LabHab FAUUSP

 Lucia Zanin Shimbo
 Profa. Dra. IAU/USP

 Margareth Matiko Uemura
Instituto Polis

Maurilio Ribeiro Chiaretti
Mestrando FAUUSP e presidente do SASP

Beatriz Bezerra Tone
Doutoranda FAUUSP e prof. da Universidade São Judas Tadeu

Vagner Cavarzere Jr
Mestre e doutorando em Zoologia USP

 Dulcinéia de Fátima Ferreira Pereira
Profa. Dra. Dpto. Educação  UFSCar

 Janes Jorge
Prof. Dr. Dptº. Pós Graduação História UNIFESP

 Rubens Harry Born
Doutor em Saúde Pública, membro Fórum Brasileiro de Mudança de Clima

 Eduardo A. C. Nobre

 Prof. Dr. da FAUUSP

 Maria Lucia Ramos Bellenzani
Engenheira Agrônoma, Mestre em Ciência Ambiental

 Giselle Megumi Martino Tanaka
Arquiteta e Urbanista, doutoranda IPPUR UFRJ

 Licio Gonzaga Lobo Junior
Arquiteto e Urbanista, Mestre pela UFABC, diretor do SASP

 Renata da Rocha Gonçalves
Arquiteta Urbanista pela FAUUSP, mestre em Administração Pública e Governo pela FGV-SP

Regina Maria d’Aquino Fonseca Gadelha
Profª. Dra. Titular do Depto. Economia-FEA-PUC/SP

 Marcelo Montaño
Prof. Dr.  Escola de Engenharia de São Carlos/USP

 Pedro Roberto Jacobi
Prof. Livre Docente Faculdade de Educação e do PROCAM/IEE - USP

 Norma Valencio
Profa. Dra. Associada. Depto Sociologia UFSCar e Profa. Colaboradora PPG Ciências da Engenharia Ambiental USP

 Paulo Henrique Martinez
Prof. Dr.  Departamento de História  UNESP/Assis

 Rafael Borges Pereira
Arquiteto Urbanista, Mestrando FAU-USP

 Marijane Vieira Lisboa
 Profa. Dra Dptº. Sociologia PUC SP

 João Paulo Capobianco
 Biólogo, ambientalista e consultor

 Pedro F. Develey
Biólogo, doutor em ecologia USP Diretor da SAVE Brasil

 Fabio Schunck
Biólogo, Pesquisador do Museu de Zoologia da USP

Ana Gabriela Akaishi
Profa. FIAM-FAAM, Mestre UFABC, Diretora SASP